sexta-feira, 8 de julho de 2011

A Revelação da Salvação em Cristo no Antigo Testamento - Capítulo 2.4

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2.4    A redenção nos livros proféticos



Nesta seção do cânon nos deparamos com a alternância, entre as mensagens proféticas, de Juízo e Misericórdia. Os livros desta seção do cânon estão repletos de condenações pelos atos abomináveis cometidos pelo povo de Deus, mas, também, mostram a Misericórdia infinita do SENHOR para com Seu povo apesar de sua infidelidade. A mensagem dos profetas era basicamente a mesma: O castigo eminente de Deus sobre os povos pecadores e a restauração de Israel após ser disciplinado.
A redenção em Cristo é apresentada nesta seção como um bálsamo que iria curar e restaurar a vida do povo eleito de Deus pelo sofrimento e dor do Messias prometido.


2.4.1    A Graça: Fator Motivacional Divino para a Redenção em Cristo



O livro de Isaías é carinhosamente apelidado de o “Evangelho do Antigo Testamento”. Isso porque “o Novo Testamento refere-se mais a Isaías do que a qualquer outro livro do Antigo Testamento quando a questão é indicar de que maneira Jesus cumpriu as expectativas do Antigo Testamento em relação ao Messias.” (MARRA, 2009, p.885).
O SENHOR prometeu julgar Israel conforme as suas obras, que eram como trapo de imundícia (Is: 64.6). Como vimos anteriormente, Deus é Justo e todos os seus juízos são retos, por isso, Israel merecia punição. E não somente Israel, mas todas as nações em redor! (Is: 34.1-4). O pecado havia escravizado a humanidade de tal maneira que a única forma para o cumprimento pleno da Justiça divina seria a destruição de todo o mundo! Todavia, o próprio Deus, que também é infinitamente Misericordioso, providenciou salvação para os seres humanos. E isso como uma demonstração de Sua Graça Misericordiosa, que não tem fim. A promessa Messiânica é relembrada e também detalhada pelo profeta:

Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.  4 Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido.  5 Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.  6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. 7 Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. (Is: 53.3-6).

O sofrimento do Messias para salvação de Seu povo seria tamanho, que o profeta descreve a cena de Seu sacrifício como uma ovelha em direção ao matadouro. Isso sim é amor!
Graça é um favor imerecido. Algo recebido por alguém que não trabalhou ou empenhou-se para usufruir de tal benefício. Os homens pecaram e se distanciaram de Deus (Rm: 3.23), por isso, merecem toda a manifestação da cólera do SENHOR por seus próprios erros. Todavia, como nas palavras de Isaías, o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele. Jesus Cristo pagou, através de Sua vida e obra, o preço exigido por Seu Pai. Por isso, o Amor de Deus nos constrange, porque, mesmo sem merecermos tal dádiva (pelo contrário!), o SENHOR não apartou de Seu povo a Sua Graça (Sl: 66.20). Que outro fator levaria o SENHOR a tomar esta atitude?

Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.  2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.  3 Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.  4 Eis que eu o dei por testemunho aos povos, como príncipe e governador dos povos.  5 Eis que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que nunca te conheceu correrá para junto de ti, por amor do SENHOR, teu Deus, e do Santo de Israel, porque este te glorificou.  6 Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.  7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar. (Is: 55.1-7)

A maldição foi desviada! O povo tinha agora a chance de restauração e isso sem ter pago um único centavo concernente à dívida cobrada! A Graça do SENHOR nos mostra o quão Benevolente Ele é mesmo para com aqueles que não merecem. A cabeça da serpente foi esmagada e pecadores de todas as nações enfiam receberiam o cumprimento da promessa feita a Eva, graciosamente.
 A promessa de restauração após o cativeiro de Israel preconizava a restauração do Reino de Deus na Terra através de Seu príncipe escolhido (Ez: 34.24). Jesus Cristo restauraria Seu povo e renovaria, com o remanescente fiel (espalhado entre todas as nações), Sua aliança de salvação prometida desde o princípio:

Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova Aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá.  32 Não conforme a Aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha Aliança não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR.  33 Porque esta é a Aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.  34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao SENHOR, porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniqüidades e dos seus pecados jamais me lembrarei. (Jr: 31.31-34)

O profeta Ezequiel também menciona a respeito do selo que marcaria a vida dos restaurados de Israel: O Espírito do SENHOR, que habitaria nos seus corações em toda sua plenitude: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez: 36.26,27).
Assim, a redenção em Cristo é percebida nesta seção, não apenas como outra restauração proporcionada pelo SENHOR, como aconteceu no reinado de Josias (2ª Re: 23); esta seria A Restauração, diferente de todas as outras já vividas por qualquer israelita. “A Salvação [em Cristo] não era simplesmente o livramento das consequências do pecado, mas a liberdade do poder do pecado.” (CRABTREE, 1960, p.191)


2.4.2    O Evangelho: Aspecto Separador e Unificador da Redenção em Cristo



O relacionamento de Oséias com sua esposa retrata bem o relacionamento de Deus com o povo da aliança, e pode ser resumido em duas palavras: fidelidade (por parte de Deus/Oséias) e traição (por parte de Israel/Gômer).
Este livro também revela o poder que o evangelho tem, a um só tempo, de unir (os Justos) e separar (dos Injustos); de salvar (os humildes) e destruir (os soberbos); de fazer a divisão, até mesmo no lar, entre os que temem a Deus e os que não temem! (Mt: 10.34-36).  “O tema do iminente julgamento de Israel, pelas mãos dos assírios, antecipou o julgamento que viria e ainda virá em Cristo.” (MARRA, 2009, p.1115) O verdadeiro Israel de Deus seria remido e o descendente de Davi estaria a frente do remanescente fiel (Os: 3.5).
Essa restauração pós-exílica é também vista no livro do profeta Joel, que descreve como seria o grande Dia do SENHOR:

E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões;  29 até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.  30 Mostrarei prodígios no céu e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça.  31 O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR.  32 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar. (Jl: 2.28-32)

A promessa de redenção no Messias unificaria judeus e gentios espalhados por todos os recantos da Terra, pois todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo. O cumprimento deste aspecto da redenção ocorreu no Pentecostes (At: 2. 16-21).

2.4.3    FÉ: Instrumento para apropriação das bênçãos da Redenção em Cristo 



“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o Justo viverá pela sua fé.” (Hc: 2.4). Com estas palavras, Habacuque declara o elemento principal para a apropriação das bênçãos da redenção em Cristo: a Fé.
O soberbo não crê que necessita de auxílio; o orgulhoso não confia em outrem para que seja socorrido; o altivo não olha para sua miserabilidade e necessidade de redenção. Em contrapartida, o arrependido crê na redenção provinda da cruz; o humilde confia somente em Cristo para sua Salvação; o abatido reconhece que precisa ser remido da servidão do pecado. O apóstolo Paulo faz referência a esse texto destacando a suficiência da fé em Cristo como poder de Deus para salvação de todo pecador, tanto judeu como grego. (Rm: 1.16,17 / 10. 17). Quanto a linhagem Messiânica:

[...] o rei Davi [gerou] a Salomão, da que fora mulher de Urias;  7 Salomão gerou a Roboão; Roboão, a Abias; Abias, a Asa;  8 Asa gerou a Josafá; Josafá, a Jorão; Jorão, a Uzias;  9 Uzias gerou a Jotão; Jotão, a Acaz; Acaz, a Ezequias;  10 Ezequias gerou a Manassés; Manassés, a Amom; Amom, a Josias;  11 Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos, no tempo do exílio na Babilônia.  12 Depois do exílio na Babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel, a Zorobabel. (Mt: 1.6-12)

Depois do fracasso da Monarquia Israelita, Ageu e Zacarias reanimam o povo motivado-os a crer na restauração final. Zorobabel (portador real da semente Messiânica) e Josué tipificam os ofícios do Messias nessa época.
O profeta Malaquias conclui a manifestação gloriosa desta redenção no cânon Vetero-Testamentário sob uma perspectiva escatológica, lembrando-nos do que tratará o tribunal Divino: restauração completa para aqueles que se refugiaram em Cristo e condenação eterna para os pecadores que perseveraram rebeldes contra o SENHOR:
Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.  2 Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros soltos da estrebaria.  3 Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos. (Ml: 4.1-3)

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